sexta-feira, 19 de novembro de 2010

caminho pra eldorado

Nos dez minutos que transcorreram enquanto eu descia para o metrô, muita coisa aconteceu. Eu vi uns prédios altos, outros médios, outros térreos e algumas casas, e também barracos e acampamentos à sombra do viaduto. Vi um homem dormindo na calçada, uma mulher pedindo esmola, uma moça entregando um folheto no farol, uma mãe acompanhando seu menino, algumas pessoas num ponto de ônibus e algumas outras seguindo o seu caminho. Vi uns ônibus vazios, outros mais lotados, uns táxis parados e uma bicicleta no meio-fio. Vi um avião passar por entre as nuvens, uns carros entre outros carros, algumas motos roncando de escárnio e o silêncio vadio dum andarilho solitário. Vi uma calçada irregular formando ondas melodiosas, fachadas pintadas em tons de cinza frio; muros enigmáticos desenhando linhas sinuosas e uns passarinhos serelepes assoviando sobre os fios. Vi uma banca de jornal vendendo livros velhos, um boteco encardido, um homem recitando o evangelho e outro caminhando (parecendo perdido). Vi uma moça bonita, outra já nem tanto, uma falando no celular e outra lendo noutro canto.
Vi um cachorro dormindo sobre a relva, um banco de praça, um sujeito puxando um carrinho de mão, um catador de papel, alguns motoboys, algumas pombas (nenhuma branca), um chiclete grudado no chão, uma palmeira na esquina, um sinal aberto, um sinal fechado e até um sinal amarelo; umas infrações de trânsito, um quase atropelamento (além do meu), arquitetura moderna, arquitetura neoclássica, um café estilo barroco, uma lanchonete de rua, uma padaria que eu não conhecia, uma vidraça espelhada, uma janela quebrada, papéis de bala, uma garrafa vazia na sarjeta, uma árvore num canteiro, um cano de esgoto, uma tampa de bueiro, meu reflexo na porta de uma loja, uma doceria, um cara correndo, um cara sentado, um cara dormindo, um cara comendo, um cara com cara de mau e uma boutique vendendo roupas caras.
Vi o céu azul, o asfalto acinzentado, os troncos castanhos e as copas das árvores verdejantes. Vi alguém de vermelho, alguém de amarelo, alguém de preto e alguém de perto e alguém acenando ao longe para alguém atrás de mim. Vi uma lata de lixo, um orelhão, uma farmácia, um sebo, uma praça, uma igreja, uma chocolataria, alguém comendo chocolate; algumas flores, um pouco de sujeira e também ouvi a respiração pesada da metrópole...

Apenas pra chegar à conclusão de que eu odeio os biscoitos redondos, porque eles rolam pra debaixo dos móveis quando caem no chão...

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